quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Facebook: A Matrix dos Dias Atuais


Acho que a maioria conhece ou já ouviu falar da trilogia Matrix, formada pelos filmes Matrix (1999), Matrix Reloaded (Maio de 2003) e Matrix Revolutions (Novembro de 2003). Se não conhece, seria interessante ver pelo menos o primeiro para entender o que falarei nesse texto.

Em resumo, o filme se passa em um futuro próximo onde as máquinas (Inteligência Artificial) dominam os seres humanos, escravizando-os, porém mantendo-os "dormindo" em encubadoras. Ao mesmo tempo, as máquinas se "alimentam" da corrente elétrica gerada pelo corpo humano, enquanto os mesmos estão conectados em uma realidade virtual para continuarem "anestesiados". Cabe mencionar que há algumas colônias de seres humanos que resistem ao domínio das máquinas. A história trata também de mundo real versus mundo virtual e do que é exatamente a verdade e a realidade. Você pode estar se perguntando: mas o que Matrix tem a ver com o Facebook? Nos próximos parágrafos você começará a ter a sua resposta.

No filme, os seres humanos são "cultivados" e mantidos em uma espécie de "campo de plantação e colheita" com incubadoras que alimentam as máquinas enquanto estão mentalmente ligados em um ambiente controlado de realidade virtual, chamado de Matrix. A ligação com esse ambiente é feita através de um conector localizado na nuca. Essa conexão é o que subjulga ou mantém a pessoa "anestesiada" vivendo em uma realidade virtual para que as máquinas possam realizar seu "trabalho" de consumir a energia das "pilhas". Se uma pessoa acorda, se desconectando na Matrix, ela é descartada (não preciso explicar isso, não é?). Existem outros plugues no corpo, que são usados para consumo de energia pelas máquinas.



No primeiro filme, quando o personagem Neo (Keanu Reeves) é retirado da Matrix por Morpheus (Laurence Fishburne), vemos alguns aspectos inerentes ao fato da desconexão de uma pessoa com a máquina central de realidade virtual:

  1. Neo cai na água e se afoga, por não saber nadar no mundo real, sendo salvo pelo equipamento da nave de Morpheus (Nabucodonosor);
  2. Quando já está dentro da Nabucodonosor, Neo reclama indagando "por que meus olhos doem?" e Morpheus responde "porque você nunca os usou";
  3. Neo precisou de cuidados médicos e tratamento em fisioterapia, para fortalecer os músculos e ossos, os quais ele também não havia usado na vida real; e
  4. Ao passar pelo processo de readaptação do "lado de fora" da Matrix, Neo percebe que seu cabelo no mundo real é raspado, pois na Matrix o mesmo era grande. Ele recebe a explicação que nos leva ao avatar, que na linguagem de tecnologia, pode siginificar "imagem que a pessoa monta para se apresentar no mundo virtual". Na Matrix, Neo possuia uma aparência e no mundo real outra completamente diferente. (Obs: Na linguagem religiosa, avatar possui um outro significado) 
No que se refere ao título do post, "Facebook: A Matrix dos Dias Atuais", o item mais importante entre os citados acima é o item 4: o avatar. Na essência, o Facebook foi criado para conectar pessoas de faculdades, com a finalidade de trocar experiências acadêmicas e pessoais. Porém, devido ao grande sucesso, a rede social foi aberta para o público em geral, ganhando um formato mais amplo onde todos podem se conectar e trocar informações diversas. Com isso o Facebook se tornou a rede social com mais usuários no mundo. Acrescentou-se a isso, as propagandas das empresas, que geram lucro para o site, mas essa história fica para outra postagem. Falaremos principalmente do avatar que cada pessoa cria no Facebook e da quantidade de informações pessoais, muitas das vezes íntimas, que a mesma disponibiliza no site.

Podemos comparar alguns aspectos da Matrix com alguns da rede social em questão. No Facebook os seres humanos são mantidos conectados pelos seus respectivos computadores, notebooks, netbooks, smartphones e afins. Somos "anestesiados" pelos recursos disponíveis na página ou pelo prazer em receber "curtidas" em nossas postagens, fotos e status ou por encontrar conteúdos que nos agradam. Enquanto isso, o Facebook se alimenta de nossos "perfis", pois quanto maior o número de usuários existentes, mais caro será o valor cobrado para uma empresa fazer sua propaganda. Se uma pessoa decide não ter um perfil no Facebook, a mesma é vista como esquisita ou fora de moda, podendo ser até descartada de grupos de amizades. Quanto mais amigos as pessoas tem no Facebook, mais ela sente satisfação em estar na rede social. Na maioria das vezes as pessoas nem se conhecem pessoalmente, mas mesmo assim "se conectam" pela rede. De forma resumida, estes são alguns aspectos comuns.
Para um melhor entendimento do que é Matrix, assista ao vídeo a seguir:


Primeiramente, esclareço que em minha opinião, o Facebook não controla os usuários, nem os manipula diretamente. São os usuários que se "prendem" ao "mundo" criado por eles no Facebook, devido aos recursos disponíveis. Isso pode se tornar um vício no qual as pessoas deixam de realizar atividades básicas (comer, beber, dormir, etc) ou de estar em contato com pessoas no mundo real, por se sentirem mais satisfeitas com as sensações que a internet causa. Simplesmente trocam o mundo real pelo mundo virtual. Até a relação familar e o rendimento no trabalho são afetados. Como explicado no vídeo acima, ao estar inserido na Matrix, que no nosso caso é o Facebook, o visual da pessoa é puramente uma "autoimagem residual", ou seja, uma imagem "ideal" criada pela mente. Falando de forma mais simples: é a aparência que a pessoa gostaria de ter ou acha vantajoso ter. Nessa questão entra o Facebook e o uso que as pessoas fazem dele. Os usuários querem passar a imagem de que estão o tempo todo felizes, não possuem problemas, são bem-sucedidos, são queridos, tem a vida agitada, etc. Dependendo da filosofia de vida da pessoa, ela irá demonstrar ter as qualidades da mesma, como por exemplo: se for um religioso irá se mostrar muito apegado a imagem de Deus ou de sua religião, aparentando ser "certinho"; se for de uma determinada profissão irá exaltar a mesma; se for torcedor de um time irá postar assuntos sobre o mesmo; se for baladeiro irá postar fotos de festas diversas; e etc.

O Facebook atualmente funciona unicamente como uma rede social para poucas pessoas. Digo isso porque é a minoria que o utiliza para estar em contato com a família, amigos e colegas, trocando informações, fotos, vídeos e outros recursos. A maioria esmagadora dos usuários usam o Facebook como uma vitrine de suas vidas (um puro exibicionismo). E nessa vitrine, assim como em uma loja, os usuários exibem somente o que acham interessante e vantajoso. Essa mesma maioria atualiza o status com informações particulares que funcionam como exibicionismo ou uma compensação do que não são no mundo real. Fazem questão de postar:
  • seus cursos superiores: pois hoje em dia traz "status" possuir nível superior;
  • suas viagens para locais turísticos: estes geralmente omitem que residem em periferia, mas fazem questão de postar as fotos dos locais visitados;
  • itens que compraram, como roupa, veículos e utensílios: só postam os "caros" e de "marca famosa", pois se for algo simples e popular, não vale a pena postar (vale ressaltar o consumo de produtos piratas por falso status);
  • suas atividades diárias: geralmente em épocas que estão com a grana mais folgada;
  • suas pegações: garanhões e piriguetes adoram "causar" no facebook, postando fotos de pessoas do sexo oposto com conteúdo sensual ou com textos do tipo "multiplica senhor", "ê lá em casa", etc, para passar a imagem de "cobiçaveis";
  • versículos bíblicos, textos religiosos, frases de filósofos ou afins: com a intenção de passar a imagem de intelectualmente resolvidos ou espiritualmente superiores (ou vice-versa);
  • fotos de confraternização em família: geralmente para passar a impressão de que não há problemas entre os membros da família; e
  •  eu poderia listar muito mais itens, mas a postagem já está bem grande.
A minha intenção neste texto não é criticar as pessoas que praticam o que eu listei acima. Quero apenas chamar a atenção para a importância que elas dão para o que se posta no Facebook. Essa prática tem tornado as pessoas superficiais nas relações humanas, fazendo com que as mesmas fiquem criando disputas mesquinhas. Vivemos em um mundo com total inversão de valores, na qual a educação e os bons costumes não são cultivados nas famílias como antigamente. Acrescenta-se a isso, a valorização do "ter" e a depreciação do "ser", onde a pessoa dá mais valor ao que tem, não se importando se é uma boa pessoa.

Em uma época onde tudo está mais acessível, principalmente a informação, posso dizer que estamos vivendo uma evolução ao avesso, onde o ser humano está se tornando imediatista, averso a cultura, mal educado, impaciente, agressivo e descortês com o próximo. Fará bom proveito da evolução tecnológica aquele que não esquecer de evoluir juntamente o seu lado humano. Esse será o divisor de águas entre seres humanos bons e ruins em sua essência.

Créditos: Warner Bros e YouTube.

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