Cinema e Variedades: DICA DE FILME EM DVD (4): “A ESPIÃ” (ZWARTBOEK)

Antes de mais nada, gostaria de alertá-los que este é um filme histórico. Acho muito válido enfatizar isso, pois é de extrema importância sabermos o passado da humanidade, para entendermos o seu presente, principalmente quando se trata de um passado tão recente, já que o filme se ambienta na 2ª Guerra Mundial.

O filme holandês “A Espiã”, que em seu título original se chama “Zwartboek” (“O Livro Negro” ou “Preto”), é dirigido pelo cineasta holandês Paul Verhoeven (Robocop, Vingador do futuro, Show Girls e Tropas Estelares) e narra a trajetória da cantora judia Rachel Stein (Carice Van Houten), que para não ser descoberta e capturada pelos alemães, se refugia na Holanda. Porém, uma bomba lançada por um avião inglês, cai sobre a casa da família holandesa que a abrigava, destruindo seu esconderijo. Após isso, Rachel é ajudada por Rob (Michiel Huisman), um jovem holandês que a deu abrigo por um curto tempo, até ela ser procurada por Van Gein (Peter Blok), um agente da polícia holandesa que se identificou como integrante da resistência aos nazistas.

Rachel é levada junto com alguns judeus, incluindo seus pais e seu irmão, para serem atravessados para a Bélgica, através de uma balsa, ocasião esta em que todos foram orientados a levar dinheiro e jóias para viverem durante 01 ano no novo país de refúgio. Foi quando uma patrulha a barco dos nazistas intercepta a balsa e mata todos fuzilados. Raquel sobrevive ao ataque e ainda tem forças para nadar até a margem e ver os corpos de seus familiares, e dos outros judeus, sendo saqueados pelos alemães.

A protagonista é resgatada por um grupo da resistência, liderado por Gerben Kuipers (Derek de Lint), que a dá abrigo, emprego e uma nova identidade: agora ela é a loira Ellis de Vries.

Mais tarde, a cantora judia, que agora encarna uma cantora holandesa, é recrutada para ser agente do grupo, e durante uma viagem de trem, conhece ao acaso o Chefe da Inteligência Alemã, Ludwig Müntze (Sebastian Koch), que se encanta pela beleza da jovem. Gerben, ao tomar conhecimento do ocorrido, decide fazer uso deste trunfo e sugere que Ellis se infiltre no QG dos alemães, visando usá-la como espiã do grupo de resistência. Movida por um desejo de justiça e vingança, Ellis aceita o desafio.

A partir daí, começa a trama central do filme, onde a personagem principal se envolve com o oficial nazista, porém não pode se desviar de sua missão principal, que é colocar uma escuta na sala do Chefe de Operações do Exército Alemão na Holanda.

Também há o fato dela anteriormente se envolver com Hans Akkermans (Thom Hoffman), um membro do grupo o qual ela tem mais contato, o que ajuda a dar um clima de “ciúme no ar”. Durante a sua permanência no QG alemão, Ellis conhece o assassino de seus familiares, o oficial Günther Franken (Waldemar Kobus), durante uma reunião dos militares em que ela é convidada para cantar. Esta cena é uma das mais fortes do longa.

O filme é surpreendente. Possui várias cenas de ação e não perde em nada para os famosos filmes de 007 e Jason Bourne, principalmente pelo fato de ser inspirado em fatos reais. São 145 minutos (cerca de 2 horas e 25 minutos) que passaram muito rápido diante de meus olhos, como se fossem meia-hora. Um verdadeiro caldeirão de ação, suspense, romance, revelações e traição (e são muitas, não no sentido amoroso e sim de ideais). O roteiro é muito inteligente e dinâmico, e os atores foram muito competentes em seus papéis. Destaque para Carice Van Houten (Rachel/Ellis), Sebastian Koch (Müntze), Thom Hoffman (Hans) e Waldemar Kobus (Franken), este ultimo fez com perfeição o papel de um homem nojento, desprezível e ao mesmo tempo, genialmente perverso.